Labels

27 de janeiro de 2013

Tempo em sala de aula

Em artigo no O POVO deste domingo (27), o sociólogo André Haguette destaca a falta de tempo letivo como o principal problema da escola pública. Confira:

Finalmente um dirigente da Educação inicia seu trabalho com um diagnóstico acertado. Segundo matéria do O POVO, o novo secretário de Educação do Município de Fortaleza, Ivo Gomes, apontou a falta de tempo letivo como o principal problema da escola pública de Fortaleza.

Na realidade, essa falta ou falha é nacional e foi detectada por muitas pesquisas. Assim, na revista Veja de 2 de janeiro deste ano, Gustavo Ioschpe escreveu: “O que importa é aquilo que acontece quando professores e alunos se encontram dentro da sala de aula. A primeira tarefa é fazer com que esse encontro ocorra: zerar as faltas de professores e alunos. A segunda é que o tempo seja bem aproveitado: nada de atrasos, perda de tempo com avisos e bate-papos ou consumo da aula colocando matéria no quadro-negro para a molecada copiar. Aula boa é aquela que começa e termina no horário e é ocupada na sua integridade por discussões relacionadas à matéria…”.

Valorizar ao máximo o tempo de ensino, eis a chave principal da aprendizagem. As escolas particulares de ponta sabem muito bem disso e certas escolas públicas também. O assunto é tão pertinente que mereceu uma ótima discussão de Érico Firmo na sua coluna do dia 17 e uma resposta do professor Francisco Djacyr Silva de Souza que, na edição de 21 de janeiro do mesmo jornal, elencou uma série de dificuldades da escola pública: baixos salários, pobres condições de trabalho, carga horária excessiva, violência na escola, famílias que não auxiliam a construção do saber… Souza tem razão e sabe-se que é árdua a tarefa do professor de escola pública por essas e outras razões. Mas não seria possível professores, diretores, dirigentes, pais e sindicatos reconhecerem a correção do diagnóstico e trabalhar conjuntamente para retirar os empecilhos a um uso integral do tempo de aula?

Não se trata de acusar os professores e os dirigentes disso ou naquilo, mas de encontrar soluções para chegar a um ensino de qualidade. Ter um diagnóstico certeiro é um passo necessário; o segundo passo é haver um consenso sobre o diagnóstico e o terceiro é, conjuntamente, encontrar soluções para eliminar, um por um, os obstáculos. De nada adianta cada parte queixar-se das outras e fincar nas suas posições.

O meio escolar público não está fadado à cultura do atraso, da falta e da estagnação. Bom desempenho de escolas públicas no Enem prova isso. Há ambientes escolares que permitem um aproveitamento integral do tempo de aula; é possível desenhar este ambiente e reproduzi-lo? Nisso os sindicatos de trabalhadores da educação têm um papel importante. A melhor maneira de defender os profissionais da educação é promover uma escola de qualidade.

Um técnico da Secretaria de Educação do Estado disse, certa vez, em alto e bom som: “Ter quatro horas diárias de aula durante 200 dias seria uma revolução”! O que impede aos profissionais da educação de Fortaleza de fazer esta revolução? Juntos podem encontrar as soluções para eliminar os obstáculos.

Fonte: O Povo online - Blog do Eliomar

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Procurando Algo? Pesquise Aqui!